Poluição de carros parados

Mesmo parados, os carros são responsáveis por mais de 70% da poluição

Veículos ligados, mesmo que não estejam em movimento, além de gastar combustível, geram grande prejuízo ao meio ambiente devido à poluição, principalmente com uso do etanol 

É exatamente isso! Se você estiver parado com seu carro ele gasta, sim. E, pior, traz danos ao meio ambiente. De forma sucinta, as pessoas se enganam em achar que o carro consome mais durante a partida, pois esse processo equivale ao consumo do carro parado com o motor ligado por 10 segundos. Com isso, se ficar com seu automóvel parado, mas ligado, por mais do que este tempo, o ideal é que seja desligado.

O gasto nem é tão exorbitante. De acordo com o modelo, o consumo do carro varia entre 1,5 e 3 litros por hora. Mesmo não estando em movimento, para funcionar, o motor ligado precisa constantemente de combustível, que queima e libera gases nocivos. E aqui entramos em outro problema: o dano ao meio ambiente.

Segundo o “Inventário de emissões atmosféricas do transporte rodoviário de passageiros no município de São Paulo”realizado em pelo IEMA (Instituto de Energia e Meio ambiente), carros e motos são os maiores responsáveis pelas emissões de Gases Efeito Estufa (GEE) e vilões do aquecimento global. Os dados mostram que 72,6% das emissões destes gases são de responsabilidade destes dois meios de transporte, que também respondem por 88% dos quilômetros rodados.

“A concentração dos poluentes se dá entre 18h e 19h, segundo o estudo, quando podemos verificar, também, a emissão de monóxido de carbono. Com estes números, desmistificamos que os ônibus são os maiores responsáveis pela poluição. E se ainda colocarmos a equiparação de quantas pessoas são transportadas por automóveis e motos com relação aos ônibus, os índices são ainda menores no transporte público, quando calcularmos os índices por passageiro transportado”, diz o ambientalista Alessandro Azzoni.

No entanto, Alessandro ressalta que houve melhora no índice de poluição do ar por veículos automotores.

“Precisamos elencar que houve avanços na redução das emissões de poluentes por meio de dois grandes programas, o Proconve (Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores) e o Promot (Programa de Controle da Poluição do Ar por Motociclos e Veículos Similares), seguido pela renovação da frota que exige motorização mais eficiente e combustíveis de melhor qualidade. Isso tudo promove resultados mais eficazes, aliados às tecnologias implantadas nos automóveis, como centrais de controle e paradas com desligamento do motor”, destaca.

O ambientalista comentou ainda sobre os efeitos nocivos para o meio ambiente que cada veículo causa e mostrou que os carros com etanol também poluem.

“Primeiro temos que entender que os três gases nocivos ao Meio Ambiente gerados por automóveis e motocicletas são o monóxido de carbono, os hidrocarbonetos e os óxidos de nitrogênio. Outro dado importante revelado pelo Proconve é que os carros movidos a etanol, ou seja, o álcool combustível, são mais poluentes do que aqueles movidos a gasolina. Nesta análise, foram feitas 250 avaliações de veículos leves produzidos no Brasil em 2008, com motor flex, que foram submetidos a duas avaliações diferentes, considerando cada um dos combustíveis. A conclusão é que o álcool, por queimar mais rápido que a gasolina, libera mais gases”.

Azzoni comprova, com isso, que os veículos de menor potência poluem mais do que os de maior potência. “Os motores de menor cilindrada poluem mais, porque exigem mais força e, por consequência, têm maior consumo de combustível. Mas o que fica claro é que, tanto o álcool como a gasolina, são responsáveis pela emissão do dióxido de carbono, que contribui para o efeito estufa e para o aquecimento global”, alerta. 

Segundo estatísticas do Detran, a frota no Brasil já ultrapassa 8 milhões de veículos, mais de 6 milhões de automóveis, mais de um milhão ciclomotores, motonetas, motocicletas, triciclos e quadriciclos; mais de 50 mil ônibus e mais de 170 mil caminhões. Com tantos transportes, saber escolher o que custa menos e que menos agride o Meio Ambiente pode ser fundamental para o futuro.

“Para determinarmos a média de gastos com combustível é necessário determinar a distância do deslocamento do automóvel e a quantidade de combustível armazenada. Um automóvel vai emitir 65,8 gramas de gás carbônico por quilômetro, levando em consideração uma única pessoa no veículo, ou seja, quatro vezes mais caso optasse por um ônibus com outras pessoas. Isso reduziria para 17 gramas de gás carbônico, por quilômetro”, orienta Alessandro.

Desta forma, o transporte público é um aliado e uma excelente alternativa quando falamos em Meio Ambiente, mobilidade e redução de custos.

“A emissão de poluentes sempre é dividida pelo número de pessoas transportadas.  Em 2011, a Prefeitura de São Paulo lançou o Programa ECO frota, que previu a adição de 20% de biodiesel ao diesel, fazendo com que a redução da emissão gás carbônico por quilômetro fosse mais eficaz pelos ônibus, proporcionando redução em 22% na emissão de material particulado, 13% de monóxido de carbono e 10% de hidrocarbonetos despejados na atmosfera da capital. Além disso, atingiu 15% da meta anual de redução de combustíveis fósseis no sistema de transporte público, prevista na Lei de Mudanças do Clima. Enquanto programas como esses são menos eficazes em transportes particulares, a falta de manutenção dos automóveis acentua ainda mais a emissão dos GEE. Automóveis, em uso individual, chegam a ocupar 88% do espaço das vias, resultando em longos congestionamentos, altos índices de poluição, danos irreparáveis à saúde humana e para a cidade”, fala o ambientalista.

Por fim, o especialista dá uma orientação para quem precisa do carro, invariavelmente.

“Para evitar gastos excessivos de combustível, primeiro faça um check-list, mantendo os pneus calibrados dentro do padrão (descalibrados têm mais atrito e, por sua vez, gastam mais combustível e poluem mais). Ao ficar parado em um congestionamento, desligue o motor. Mantenha atenção no trânsito, para evitar aceleradas e freadas bruscas, verifique a regulagem do motor e mude a marcha antes de chegar a 2.500 rpm, se for carro a gasolina e antes de 2.000 rpm para veículos à diesel, para maior eficiência do motor. Se estiver transportando carga, distribua-a bem. Sobre o ar condicionado, utilize em temperatura constante, evitando abrir a janela e ficar ligando e desligando o ar, pois isso aumenta o consumo. Evite, também, quebrar a aerodinâmica dos automóveis ao utilizar bagageiros e racks, pois eles aumentam o impacto com o vento e aumentam o consumo de combustível”, conclui Alessandro.

Então, entre em contato com a escola dos seus filhos ou converse com seus diretores no colégio em que trabalha, pois os danos ao meio ambiente são os mesmos no trânsito em uma rodovia ou em um congestionamento em frente à uma escola. Torne-se parte do movimento ecológico e tenha o Filho sem Fila para te ajudar nessa tarefa.

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